“Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma.” Mikhail Bakunin
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A perspetiva behaviorista John Watson e o seu contributo para a psicologia
Neste primeiro tema, começamos por estudar a origem da psicologia até à sua afirmação enquanto ciência autónoma. Verificámos que no final do século XIX, com o investigador alemão Wundt, houve um esforço para tornar a psicologia numa investigação objetiva da consciência, adotando métodos e técnicas próprias das ciências experimentais. Houve uma tentativa de a separar da filosofia, porém esta fracassou devido ao método introspetivo, demasiado incerto e subjetivista. Por outro lado, houve uma nova teoria criada por Freud, a psicanálise, que levou a psicologia para o estudo do inconsciente da vida mental, interessando-se pelos estudos de pessoas que sofrem de perturbações psicológicas, neuroses. A psicologia recebeu ainda um contributo importante por parte do investigador suíço Jean Piaget: o desenvolvimento infantil no que diz respeito à inteligência (construtivismo), outra escola da psicologia, chamada Gestaltismo, afirmou que o objeto de estudo desta nova ciência era composto pela perceção e operações de pensamento, defendendo uma abordagem holista, contra a perspetiva associacionista de Wundt. Por último, a definição da psicologia como estudo do comportamento do Homem e do animal foi concebida pelo psicólogo norte-americano John Watson. O problema desta nova teoria era a exclusão dos processos mentais, pois estes não eram diretamente observáveis. Podemos afirmar que a ciência da psicologia surge com a teoria de behaviorista de Watson, pois consegue garantir uma separação clara entre o sujeito observador e o objeto observado.
O Behaviorismo – do termo inglês “behaviour” ou do americano “behavior”, de significado comportamento, é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois as suas concepções são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê". Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson afirmou que não há limite para o efeito do ambiente sobre a natureza humana. Sob a influência do positivismo, rejeita a consciência e o subjetivismo e considera que a matéria de interesse da psicologia é o comportamento humano, defendendo, a pesquisa experimental. Watson considera ilógica qualquer tipo de introspecção e propõe, por analogia com a medicina, a química e a física, a abolição do vocabulário científico de termos; tais como “sensação, percepção, imagem, desejo, propósito, e até pensamento e emoção conquanto definidos de forma subjetiva”. O behaviorismo, na concepção de Watson, limita-se a formular leis sobre os fenómenos observáveis – os comportamentos. Nós podemos observar o comportamento – o que o organismo diz ou faz . E vamos deixar claro de uma vez, que falar é fazer – isto é, comportamento . Falar abertamente ou para nós mesmos (pensar) é um tipo de comportamento tão objetivo como jogar baseball”. Diz Watson “Os comportamentos são explicados em termos de estímulos e respostas. O estímulo é definido por Watson, como “qualquer objeto no ambiente geral ou qualquer mudança no organismo devido a condições fisiológicas”, como a fome, por exemplo. A resposta é “qualquer coisa que o indivíduo faz”. Baseou-se numa teoria do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – uma conhecida experiência com o cão que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada da sua refeição. Watson define língua, apesar de reconhecer as suas complexidades, como um tipo simples de comportamento, um hábito manipulável, e considera a sua aprendizagem como uma questão de condicionamento: “depois que as respostas verbais condicionadas estão parcialmente estabelecidas, hábitos e períodos começam a formar-se”. Ele explica que a formação de hábitos é condicionada por reflexos de várias ordens: Por exemplo: A palavra mãe é acionada pela visão da mãe, pela sua fotografia, pelo som de sua voz, pelo som de seus passos, pela visão da palavra impressa, pela visão da palavra escrita, e por vários outros estímulos; tais como os estímulos visuais do seu chapéu, das suas roupas, etc. Watson explica que alguns hábitos são formados em determinados períodos da vida e que adultos aprendendo uma língua estrangeira terão sotaque porque a laringe sofre uma mudança estrutural na adolescência. O principal pressuposto da teoria é que a aprendizagem em geral é sinónimo de formação de hábitos e seus princípios são: a aprendizagem acontece através da repetição a estímulos; os reforços positivos e negativos têm influência fundamental para a formação dos hábitos desejados; a aprendizagem ocorre melhor se as atividades forem graduadas. Ou seja, todo o nosso comportamento é exclusivamente influenciado pela experiência, por fatores sociais e educativos, somos produtos do meio e por ele somos modelados. A observação do que fazemos permite, com uma certa segurança, prever o que faremos. Como o comportamento humano é determinado pelo meio, alterando as situações, poderemos modificar os comportamentos. Watson declara insignificante a influência dos fatores hereditários no comportamento humano, ao contrário do que foi afirmado por psicólogos no início do séc. XX, como por exemplo Arnold Gesell com a teoria maturacionista. Para John Watson era inaceitável conceber o desenvolvimento como uma sequência geneticamente determinada, em grande parte alheia às influências ambientais. Também Skinner se opõe a Watson que só não desdobrava as suas pesquisas aos fenómenos mentais pelas limitações metodológicas e não por serem irreais. Skinner defendia, que o homem era um ser homogéneo, não acreditando na constutuição humana como junção do corpo e da mente. A aprendizagem para Skinner é fruto de condicionamento operante, ou seja, um comportamento é preimiado, reforçado, até que ele seja condicionado de tal forma que ao se retirar o esforço ele continue a acontecer. Para Watson o desenvolvimento individual é um processo lento, gradual, cumulativo, sem alterações bruscas de ritmo. Esta forma de conceber o desenvolvimento acentua a mudança quantitativa: o desenvolvimento é contínuo, ou seja, conhecimentos, aptidões, competências e habilidades acrescentam-se gradualmente a um ritmo uniforme criando assim mudanças significativas. John Watson contribuiu significativamente para a psicologia, embora a sua perspectiva tenha sido criticada por vários behavioristas como já referi. Após expor a perspectiva de Watson e relação ao Behaviorismo/Comportamentalismo, demonstro que estou de acordo com este. Com a experiência com Little Albert, Watson demonstra o primeiro humano cujo comportamento foi condicionado numa experiência laboratorial.Também podemos apoiar-nos em crianças que cresceram junto de animais ou em ambientes menos propícios e acabam por adotar comportamentos diferentes do Homem. Podemos apoiar-nos ainda em exemplos de crianças, filhas de pessoas toxicodependentes, com histórico criminal que não seguiram as pisadas dos seus progenitores, ou seja, os valores e personalidade não se transmitem hereditariamente, sendo assim válida a teoria de Watson.
Bibliografia:
Infoescola.com/behaviorismo ;
wikipédia.com/Johnwatson