“Não há nada tão estúpido como a inteligência orgulhosa de si mesma.” Mikhail Bakunin
A Inteligência e a Mente Humana
Existem diferentes formas de se ser inteligente, convergem também diferentes definições de inteligência. Devido à sua complexidade, dificilmente se especifica e proporciona uma definição que agrade à maioria dos psicólogos.
Há vinte anos, afirmava-se que a inteligência era uma capacidade inata e o QI (Quociente de Inteligência) uma característica mais ou menos estável num sujeito, ou seja, permanecia praticamente inalterável durante toda a vida. Mas, com o desenvolvimento da ciência, tornou-se evidente que, ainda que os factores genéticos sejam importantes, estes interagem de um modo dinâmico como o meio que rodeia o indivíduo. Procurando definir inteligência, esta pode ser considerada a capacidade mental de raciocinar logicamente, planear, resolver problemas, abstrair, manipular conceitos (números ou palavras), compreender ideias e linguagens, recordar acontecimentos remotos ou recentes, transformar o abstracto em concreto, analisar e sintetizar formas, assimilar conhecimentos concretos (aprender), enfrentar com sensatez e precisão os problemas e estabelecer prioridades entre um conjunto de situações. Este conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta. Assemelhando-se a outras capacidades e competências, a definição de inteligência é profundamente influenciada pela sociedade que a define: em diferentes culturas, em diferentes épocas, valorizam-se diferentes competências e capacidades intelectuais. Outro aspecto não menos importante na composição da inteligência é o domínio emocional e social (a inteligência emocional), isto é, compreender as emoções, as nossas e das outras pessoas, no momento oportuno, e responder-lhes adequadamente, revela que as nossas respostas emotivas e sociais são também manifestações de uma base emocional da inteligência humana que influencia nossa a capacidade de decisão e de acção. Este paradigma da inteligência é bastante recente nas investigações encetadas em Psicologia. Se há um aspeto notável na espécie humana é a sua capacidade de se reinventar constantemente, de tal modo que nenhuma geração se limita a repetir os mesmos gestos, hábitos, comportamentos, conhecimentos e valores, enfim, o modo de vida próprio dos seus antecessores. Cada geração encaminha-se de modo vigoroso para o futuro, para a rutura dos limites, pois há uma força que nos impulsiona para desbravar novos mundos, penetrar no desconhecido, correr riscos, aventurar-se no jogo, experimentar, criar novos desafios e metas mais ambiciosas, desenhar projetos arrojados e obter vitória e reconhecimento. A mente humana implica sonho, antevisão, pressentimento, invenção, projeto, numa única palavra, imaginação.
Assim, podemos concluir que a mente humana é bastante complexa devido aos processos psicológicos integrados e interdependentes que a constituem, dando origem a respostas comportamentais diversas e individualizadas. Podemos perceber um pouco melhor esta interligação através da visualização do filme “A Beautiful Mind”, que conta a história de um professor matemático brilhante, inteligente, que no entanto sofre de alucinações, é esquizofrénico. O filme retrata a racionalidade que este professor terá de usar para distinguir o real do imaginário e voltar a ter uma vida normal, colocando em evidência as capacidades mentais e a inteligência do ser humano. Um exemplo que coloca em interligação as emoções e a mente é o fármaco ou procedimento inerte Placebo, que apresenta efeitos terapêuticos devido aos efeitos psicológicos da crença do paciente em estar a ser tratado. Por exemplo, um comprimido de vitamina C pode aliviar a dor de cabeça a quem acredite que está a ingerir um analgésico, sendo um exemplo clássico de que o que melhora não é apenas o que ingerimos mas também acreditar que estamos a ser tratados.
O efeito placebo é particularmente importante nos mecanismos cerebrais que trazem consciência aos estímulos nervosos ligados à dor; sendo que a sensação experimentada depende da forma como se pensa na mesma. Relata-se nesses casos que o efeito placebo é capaz de aliviar ou mesmo suprimir por completo a sensação de dor, mesmo que o estímulo doloroso - uma ferida por exemplo - continue a sensibilizar as vias neurais correspondentes com igual intensidade. O fenómeno inverso - conhecido como efeito nocebo – consiste na expectativa de que a dor seja imensa, podendo ser suficiente para que realmente se perceba a mesma como tal, apesar de não se justificar tal sensação. Ou seja, este efeito placebo é uma mentira agradável para o nosso cérebro, agradável porque? Porque no caso da medicina, podemos tomar um comprimido para as dores de cabeça, que aparentemente é uma vitamina em forma de comprimido, e poderemos ficar sem mais dores de cabeça, pois o nosso cérebro pensa que está tudo bem.
Concluindo, podemos afirmar que os temas desta reflexão se complementam, e todos eles são essenciais para o homem.